quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

200 anos do nascimento de Charles Darwin

Meu irmão diz-- coitadinho -- que nós, humanos, não temos mais instintos. Gostaria de saber o que explica, então, a vontade irresistível de tantas mulheres de ter filhos, quando chegam aos vinte e poucos, trinta anos. A afirmação do meu irmão é apenas uma repetição mais radical da postura de alguns -- eu diria a maioria dos -- "cientistas" sociais. Uma postura que ainda nega, 150 anos depois de seu surgimento, uma das ideias mais brilhantes já pensadas por um cérebro humano.
Há 200 anos, nascia um dos maiores -- senão o maior -- gênios da humanidade. Charles Darwin. Minha admiração por Darwin é quase ilimitada. Foi um grande cientista, pensador, humanista e -- vejam vocês! -- um cara legal. Impressiona que ele ainda seja tão mal interpretado e pouco estudado. Suas idéias tiveram impacto que vai muito além da biologia. Elas deveriam servir como base para a compreensão do comportamento humano. Darwin nos destronou -- de forma irrefutável -- do papel de protagonistas da natureza. Enquanto não entendermos que somos animais como todos os outros, não conseguiremos explicar fundamentalmente nossos sentimentos, atitudes e instintos.
Pretendo abordar, em posts futuros, assuntos como o Darwinismo social e os argumentos religiosos, um tanto patéticos, contra a evolução. Nem entendo o que o termo "darwinista radical" -- frequentemente usado para descrever o biólogo inglês Richard Dawkins -- supostamente significa, mas talvez eu também fosse batizado com esse rótulo. O fato é que vejo, sim, na seleção natural um argumento difícil de refutar a favor da inexistência do Deus hebreu.
Por fim, meus parabéns a GloboNews pela excelente série Darwin 200 Anos. Conheço a dificuldade de explicar a leigos ideias científicas de forma compreensível, mas sem ser simplista. E a série está fazendo um bom trabalho.

2 comentários:

Sergio disse...

A teoria da evolução é uma teoria científica, não metafísica. Em si, ela não diz nada a favor ou contra a existência de Deus, ela não nasceu para explicar Deus, mas o processo de evolução biológica das espécies. O correto seria dizer que ela se contrapõe ao criacionismo bíblico, uma corrente de pensamento que para muitos é puro mito e para outros é simples questão de fé. Mas em suma, Deus não precisa nem do evolucionismo nem do criacionismo bíblico para existir. Enfim, a ciência sequer se desenvolveu para dizer se Deus existe ou não. Não é objetivo dela entrar em pontos teológico-metafísicos. Só os ateus se agarram deseperadamente à teoria da evolução como evidência ou prova final de que Deus não existe, enquanto a própria teoria não afirma nada sobre Deus.

Sergio disse...

Lucas

Deus nunca foi necessário para a compreensão do mundo físico, por isso, ele nunca se tornou supérfluo ou está se tornando supérfluo por ciência alguma. A função da ciência não é explicar Deus ou o que Deus tem a ver com o mundo físico. Agora, a ciência não é a única forma de ver e enxergar o mundo, isso é reducionismo puro, ainda mais quando seus paradigmas mudam a cada época ou século. Ela não é uma verdade absoluta e não pode ser transformada em dogma. Eu necessariamente não contesto as evidências da evolução, mas isso nunca me impediu de crer em Deus e também não quero que minha mente se feche à outras possibilidades científicas, note-se, científica, não religiosa, de se explicar a origem do mundo, como alguns cientistas vêm fazendo. Acho válida a idéia de eles contestarem a evolução do ponto de vista puramente científico, não religioso. Agora, também acredito que não só a ciência, mas também a metafísica, a filosofia, a teologia não podem ser descartadas em nome do cientificismo puro como formas de conhecer e explicar o mundo. E nem todo cientista tem de ser necessariamente ateu.