quarta-feira, 16 de abril de 2008

Outono

As manhãs de outono são as mais bonitas do ano. E esse sono, e essa angústia... E os olhos semicerrados, e essa sede que não passa. E os livros não lidos, as noites pouco dormidas, as saudades nunca saciadas. As manhãs de outono são iguais e sempre lindas. E eu, de olhos cegos, me contento com a brisa escassa, com o chão enlameado. E me conformo com a sede. As manhãs de outono me inspiram. Mas as noites mal dormidas - se tanto - misturam-se com o acúmulo de frustrações pouco disfarçadas, arremessadas em pequenos flocos de mau-humor. E a vontade de apagar, de quebrar, de destruir, de correr, de mudar, de atirar, de negar, de afogar, de esquecer é esquecida. As manhãs de outono são absolutamente lindas e inspiradoras. Mas eu preciso ir para a aula.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Intelectual Intercourse

A aula de hoje de "Mídias Globais" foi a mais interessante do período atéagora (o que não significa muito). Reformulando a frase: a aula de hoje de "Mídias Globais" foi a única minimamente interessante desde o início do período.
Trata-se de uma disciplina que pretende teorizar sobre as grandes redes de comunicações, mas, não raro, torna-se um pauco ideológico. Hoje, o autor discutido foi Muniz Sodré, professor da UFRJ. Ele é um pensador - elfemismo para "pretenso cientísta que fica só nos achismos" - que analisa os sistemas midiáticos contemporâneos (ele ficaria orgulhoso dessa frase). Alinha-se com outros "pensadores" como Pierre Lévy, Edgar Morin e toda essa intelectualidade francesa.
Não, não é impressão sua. Eu realmente tenho uma tremenda implicância com esse pessoal. Eles misturam - sem muito constrangimento - ideologias (em sua maioria marxista-leninista) com a produção acadêmica. Pior: baseiam seus estudos puramente no que acreditam, mesmo que seja radicalmente contrário a dados obtidos por meio de pesquisas sérias. O chocante é que a maioria dos argumentos - quando são inteligíveis, naturalmente - é facilmente derrubada. Ainda assim, são os teóricos da comunicação mais estudados mundo a fora.
Na aula, minha oposição ao texto de Muniz Sodré foi descartada com argumentos repetidos e claramente furados. É frustrante me ver sozinho, cercado por colegas que, em sua maioria, não se interessam por discussões intelectuais e por professores que paressem repetir idéias de terceiros sem o menor questionamento.
Eu gosto desse professor em questão. Ele é responsável, dedicado e sério - características
raras no Departamento de Comunicação da PUC. Pena que lhe falte o senso crítico.
Espero que na américa seja diferente. Espero que se faça ciência social séria, com dados, pesquisas consistentes e argumentos baseados emfatos observáveis. Me resta esperar.
And all I need now is an intelectual intercourse.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Para começar de mau-humor...

É engraçado como os clichês ideológicos se ploriferam e, por vezes,enraizam-se como verdades absolutas. Tornou-se agora lugar comum desacreditar a ciência -- especialmente entre os intelectuais detendência esquerdista. Entendo que é mais fácil repetir uma idéia do que pensar sobre ela, mas poucas coisas podem me irritar mais, atualmente, que esse tipo de afirmação. As falas são prontas e é incrível como se pode adivinhar exatamente o que será dito por quem.

As ciências humanas, em especial,parecem ter se esquecido do método científico e de sua relevância. Infelizmente, toda a barbárie que a humanidade viveu nos últimos dois séculos deixou marcas que vão para além dos milhões de óbitos: genocídios, perseguições religiosas e racismo tiveram o poder de afastar as ciências sociais da biologia.