quarta-feira, 16 de abril de 2008

Outono

As manhãs de outono são as mais bonitas do ano. E esse sono, e essa angústia... E os olhos semicerrados, e essa sede que não passa. E os livros não lidos, as noites pouco dormidas, as saudades nunca saciadas. As manhãs de outono são iguais e sempre lindas. E eu, de olhos cegos, me contento com a brisa escassa, com o chão enlameado. E me conformo com a sede. As manhãs de outono me inspiram. Mas as noites mal dormidas - se tanto - misturam-se com o acúmulo de frustrações pouco disfarçadas, arremessadas em pequenos flocos de mau-humor. E a vontade de apagar, de quebrar, de destruir, de correr, de mudar, de atirar, de negar, de afogar, de esquecer é esquecida. As manhãs de outono são absolutamente lindas e inspiradoras. Mas eu preciso ir para a aula.