quarta-feira, 18 de março de 2009

Das Consequências do Meu Amor por Ele

Fecho os olhos e tento encontrá-lo. Navego essa linha, essa linha que sai do meu peito e me guia diretamente para o peito dEle, regulando nossas respirações, nossos suspiros. E, sufocado, tento nadar e pego na mão dEle, que me puxa e me censura. Eu reclamo e a gente se beija. E meus olhos, fechados desde o início, traçam Suas curvas, Seu rosto, Suas linhas, Seus pelos. E Seu corpo é meu espaço de línguas, lábios e saliva, deslizando, escorrendo, navegando, nadando, transcendendo. E eu O toco com boca, dedos, meu sexo ereto encontrando Seu sexo ereto, O toco com eu te amos e babys e quero ficar para sempre com você e lágrimas de preocupação e amor, e amor, e amor, é amor. E quando Ele ceder, quando sua boca gritar e seu corpo arquear, quando Ele me abraçar forte e depois, ainda depois, quando cair e Sua respiração, lentamente, se regularizar, eu só colocarei minha cabeça no Seu ombro e saltarei de clichê em clichê, como uma criança que salta de pedra em pedra, pé ante pé, nesse espaço que é de desejo e amor misturados, unidos, fundidos em eu te amos, babys, quero estar para sempre com você. E eu quero estar para sempre com Ele, como estaria agora, depois do Seu gozo, segurando a Sua mão, planejando dias e anos e duas vidas circulares, dois anéis entrecruzados, inseparáveis. Nesse espaço, onde há nenhum espaço para outros eles, outros eus. Onde ambos somos surdos, cegos e mudos. Nesse lugar onde eu sou só dEle, e, nesse exclusivismo intenso, apaixonado, amante, recíproco, Ele é só meu. E quando Ele disser que me ama, eu vou acreditar, porque Ele é só meu. Ele é só meu. Ele, Ele, Ele, Ele, Ele, Ele, Ele, baby, amor, Ele é só meu. Para sempre.

(10/07/2006)

segunda-feira, 2 de março de 2009

How Can I Go Home With Nothing to Say

Quando entrou em casa, o rosto parecia mais marcado. Colocou na mesa os três livros que carregava, depois voltou para trancar a porta. Seus olhos varreram a sala. Sem querer ver, a viu
no sofá, silêncio expectante no rosto. Respirou fundo. Foi até lá. Envolveu os ombros dela com o braço direito. Na televisão, o telejornal. Deve ser o mesmo de ontem, ele pensou. Ela o encarou. Não disse nada, mas pediu. Ele não falou nada, mas respondeu. Lhe beijou o rosto. Ela olhou para a frente. Então. Nada. Ela desligou a TV. Ele se levantou, olhou para os livros na mesa, foi até a cozinha, pegou as chaves do carro, lhe entregou, os dois saíram, ele voltou , trancou a porta, esperaram sete minutos pelo elevador, cruzaram a garagem, ela sentou-se a direção e deu a partida. Um quilômetro e meio dali, ele desceu. Lembrou-se dos três livros. Lhe farão boa companhia, ele pensou. Bateu a porta com cuidado e desapareceu. Ela esperou em frente ao hotel por quatro minutos e meio antes de dar a partida no carro.