domingo, 12 de abril de 2009

Engano-alívio

Menino tolo. Chora hoje, só hoje. Grita, chora. Porque há tanto tempo você não chora, menino. Chora para as paredes, os espelhos frios que não te consolam. Chora, menino, menininho, que o chão morto te dá colo. Chora, criança, corre. E grita até a sua voz falhar. Grita, grita, grita, que o ralo da pia vai te escutar. E a louça suja vai se compadecer. Menino, bebê, esperneia. Contra a feiúra do mundo, contra o Deus, o Papai-do-CéU que te abandonou. Pequeno, permita-se. Aproveita os três segundos de testemunhas cegas e surdas. E chora. Depois, finja ser feliz. Que é o que te resta, menino tolo.

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